sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Post perceptível apenas por quem tenha nascido antes de 1985




Ontem em conversa com Santo Marido falei-lhe das inúmeras viagens de comboio que fiz em miúda, acompanhada da minha querida avó e da minha irmã, entre Lisboa e Coimbra. Viagens que, na altura, obrigavam a trocas de linha, umas vezes no Entroncamento, outras na Pampilhosa e que duravam horas e horas. 
Isto quando, por algum motivo, o comboio não parava no meio do nada, e por ali ficava o tempo necessário (às vezes horas) até que se pudesse seguir viagem. 
Claro que a minha avó, mulher prevenida, levava sempre farnel (como eu adorava aqueles farnéis!) e, não raras vezes, ajudou a matar a fome a passageiros mais incautos que achavam que farnel era coisa de matarruanos parolos. Era, era, quando o comboio parava e a fome atacava, aqueles pastelinhos de bacalhau sabiam que nem ginjas! =) 

As recordações destas viagens são das mais doces que guardo da minha infância, não só pela animação que era andar de comboio, mas também porque significavam férias e longos dias (ou semanas e às vezes meses, que na minha altura as férias grandes eram mesmo grandes!) de pura felicidade em casa da avó, com os primos todos e os miminhos insubstituíveis que ela nos dava. 

Amava aqueles comboios cujas carruagens eram divididas por compartimentos, tipo salinhas, com uma porta de correr em vidro que dava para o corredor. Já devem ter desaparecido há alguns 20-25 anos... 
Pois que lhos descrevi detalhadamente mas o grande sonso diz que não se lembra, que, ou nunca andou ou então que eu sonhei! Olha-me este!

Atirei-me ao Google à procura dos benditos comboios, desvirei a internet e não encontrei uma única referência aos mesmos. Nem no site da CP, nada, nicles! Que tristeza!

O máximo que encontrei foram estas imagens, que sequer correspondem a comboios portugueses mas que, pelo menos, já servem para lhe mostrar quem é que anda aqui sonhar. 



Sonho sim, mas com ele a pôr a lâmpada da casa-de-banho que continua à média luz. 

8 comentários:

  1. Pronto, eu cá não me lembro... mas lá está, fiquei logo avisada pelo título que o post não era para mim :P

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  2. Lembro-me eu, que tenho idade suficiente para os ter frequentado e muito, curiosamente também em jeito de viagem para as férias grandes. Olha que saudades, agora, para além do frio que estou a sentir! :))

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    1. Existia, nessa altura, toda uma magia à volta das coisas, até das coisas mais simples, como uma viagem de comboio, que se perdeu com o tempo, não achas?
      Também fui acometida de umas grandes saudades dessa altura =)

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  3. Eu nasci em 73 e fazia dessas viagens entre a Régua e o Porto. Sim eram o máximo. Sou doida por comboios e estações.

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    1. Também sou. Tenho uma história inesquecível, passada numa das minhas viagens de comboio. Nessa altura os comboios paravam em 1001 estações até se chegar ao destino e lembro-me de certa vez, quando o comboio já ia a arrancar, uma avó perguntar ao neto em que estação estávamos, e ele olhou lá para fora e disse: "Retretes". Ahahahahah

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  4. Eu gosto destas histórias nostálgicas.
    Nasci em 1972, mas confesso que não me lembro de alguma vez ter andado num desses que descreves. As minhas viagens de comboio começaram bastante tarde. :)

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    1. De vez em quando sabe bem dar uma volta pelo nosso baú da felicidade, ficamos com o coração cheio, num misto de sentimentos ali entre a saudade, a nostalgia e a felicidade por termos tido a oportunidade de viver coisas tão boas e inesquecíveis...

      Bom Domingo Pseudo :)

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