sábado, 24 de janeiro de 2015

15 anos

Não sei quando é que deixámos de dar importância a datas como a de hoje, em que fazemos 15 anos de namoro. Só sei que durante muitos anos este dia era sempre celebrado com um jantar especial e um bolo feito especialmente para a ocasião. Tal como o aniversário de casamento que hoje já se celebra da forma mais simbólica possível... e até mais pelas crianças do que por nós.

Sei que não deixámos de nos amar, apesar da paixão já ser quase coisa do passado... olho para trás e não sei onde foi que começámos a arrefecer. Terão sido as dificuldades e as inúmeras provações pelas quais já passámos? Não sei.
Mas sei, e afirmo com toda a convicção, que nos continuamos a amar.
Só que de uma maneira diferente de há 15 anos. Bastante diferente. 

Reconheço que a vida me tornou mais seca, pragmática, quiçá intolerante e insensível perante as coisas sem interesse.
Noto especialmente que me falta a paciência para lidar com pessoas com problemas triviais e que desabafam comigo como se o apocalipse estivesse perto de acontecer graças aos seus problemas ridiculamente pequenos, como aquela amiga, esquelética, que se sentia a entrar em depressão porque as calças 34 lhe estavam a começar a ficar apertadas. 
Noto que me tornei uma pessoa mais caseira. E muito menos sociável. Noto que a principal fonte de alegria da minha vida provém dos meus filhos e da convivência com eles. Para eles nunca falta um beijo, um miminho ou um abraço. E noto que em relação a ele o diálogo já foi bem mais interessante e animado.

Ele apesar de continuar a ter o coração mais bonito que alguma vez conheci, acusa as marcas de uma vida que não tem sido fácil. A maneira de falar já não é delicada e doce. A tolerância, com a família e com as pessoas em geral, anda muitas vezes perto de zero. E não se apercebe, por mais que lho diga vezes sem conta, que adoptou um tom algo rude de falar. Ele diz que não, que é a maneira dele, que não é por mal, mas não me consigo, nem quero, habituar a conviver com uma pessoa que fala quase como quem discute. E que, ao ser chamado à atenção, não o reconhece ou interioriza.

Depois, quando olho para trás e vejo como as coisas eram diferentes, a sério que me dá um aperto no peito. 

Dizia eu que hoje fazemos 15 anos de namoro. E, apesar de nos amarmos muito, não vai haver jantar especial nem bolo... 


5 comentários:

  1. oh meu deus que isto soou-me tão mas tão mas TÃO familiar!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Tal como um dos teus posts parece que foi escrito por mim... e o pior é que nenhum dos dois é particularmente feliz.
      Um beijinho

      Eliminar
  2. Gostei de te ler e de saber que para os filhotes nunca faltam mimos nem atenção...Mas não sei se não deves investir de novo no aquecimento da tua relação,de uma forma diferente,mas quentinha.Os tempos são diferentes e as pessoas mudam (nem sempre ara melhor) mas o amor vale sempre a pena.
    Um beijinho com ou sem bolo*

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Tens toda a razão Til, toda a razão...
      Obrigada pelas palavras de incentivo.
      Um beijinho **

      Eliminar